10% das mulheres com equipes para parto hospitalar estão questionando a possibilidade do parto em casa
Com a pandemia do COVID-19 o desejo e simpatia pelo parto domiciliar tem aumentado. A escolha do local de parto é da mulher, e pode ser pautada em uma série de fatores, porém, o medo de contaminação por coronavírus em ambiente hospitalar tem aumentado a procura pelo parto em casa, porém, para Cinthia Calsinski Enfermeira Obstetra pela UNIFESP esse não deveria ser o motivo para tal escolha. O fenômeno não se restringe a grávidas no Brasil. Nos Estados Unidos, país com mais de 100 mil infectados e mais de 1,5 mil mortes, parteiras relatam um enorme aumento na procura por partos domiciliares também.
As evidências demostram que o parto domiciliar é considerado seguro quando se trata de mulheres de risco habitual. “Pré-natal sem intercorrências, exames normais, nenhuma patologia de base. Os critérios para elegibilidade são rígidos e bem definidos, não adianta apenas querer, assim como, a mulher pode deixar de ser elegível a qualquer momento, seja durante o pré-natal, o parto, ou por necessidade de transferência após parto, por complicações como hemorragia ou retenção placentária, por exemplo.” Explica Cinthia.
Uma questão importante é que apenas uma equipe que atenda partos domiciliares é realmente apta para discutir com uma mulher os critérios de elegibilidade, uma equipe que não realiza esse tipo de parto não tem evidências nem experiências para poder de fato contribuir com informações de qualidade sobre o tema. Ainda existe muito preconceito e propagação de informações sem sentido, vindas de profissionais de saúde que não são qualificados neste tipo de assistência.
Ao invés de se escolher um parto domiciliar baseado no medo do coronavírus, o ideal é planejar a ida ao hospital em uma fase mais avançada do trabalho de parto o que é o ideal em qualquer situação e não apenas devido à pandemia. A assistência domiciliar realizada por enfermeira obstetra, obstetriz ou doula prévia a assistência hospitalar tem por objetivo a diminuição do tempo de permanência no hospital. “Medidas como alta precoce para diminuir a permanência hospitalar também estão sendo incentivadas”, conta a enfermeira.
Parto em casa não é para todas
Mudanças de última hora são arriscadas, o parto domiciliar costuma exigir meses de preparação e planejamento. Além disso, nem todas as mulheres são boas candidatas a esse tipo de parto.
Cinthia explica que o parto domiciliar é uma opção segura, mas não é para todas. É para mulheres com gravidez saudável, para gravidez de baixo risco. É acompanhado por duas enfermeiras obstetras ou obstetrizes e envolve equipamentos específicos para garantir que, em caso de problema, possam ser tomadas medidas emergenciais. Ela ressalta que é crucial que as profissionais que vão atender o parto em casa sejam treinadas e equipadas.
Custos
Um dos desafios para quem quer um parto domiciliar é o custo, que não é coberto completamente por planos de saúde.
Para as grávidas, a pandemia mudou não apenas o planejamento do parto, mas toda a experiência da gravidez.
O parto domiciliar vem ganhando espaço na assistência obstétrica atual junto com o movimento de discussões sobre o protagonismo da mulher e a humanização do parto. Para Cinthia Calsinski, este é um movimento crescente, baseado em evidências cientificas e boas práticas da obstetrícia, e por isso, não deve ser visto apenas como uma fuga de algo temível, é algo muito maior.
SOBRE CINTHIA CALSINSKI: ENFERMEIRA OBSTETRA Cinthia Calsinski é Enfermeira Obstetra da UNIFESP colunista da Revista Pais e Filhos. Por meio de consultorias domiciliares, prepara a mãe para o parto, amamentação, como lidar com um recém-nascido com todos os desafios que ele proporciona, cuidados de higiene, preparo do ninho (ambiente do quarto, disposição de móveis, enxoval, treinamento de babás), curso de primeiros socorros, reciclagem para avós, colocação de brincos em meninas. Tudo na tranquilidade do lar, com hora marcada. Cinthia esteve ao lado da influenciadora Mari Sampaio na gestação, no parto e agora no pós parto…
• Enfermeira Graduada pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp
• Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp
• Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp
• Enfermeira Obstetra pelo Centro Universitário São Camilo
• Consultora do Sono Materno-Infantil formada pelo International Maternity e Parenting Institute (IMPI)
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