Número de casos de câncer entre pessoas abaixo de 50 anos aumentou 79% nos últimos 30 anos; alertas de prevenção e diagnóstico precoce fazem crescer a esperança de cura e sucesso de tratamentos
Dia 4 de fevereiro é a data dedicada à luta mundial contra o câncer, doença que prevalece como o maior problema de saúde pública ao redor do globo. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 704 mil casos novos para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
Entre as estatísticas, um dado específico tem chamado a atenção: o número de casos da doença entre pessoas com menos de 50 anos aumentou 79% nas últimas três décadas (passando de 1,8 milhão para 3,26 milhões de novos diagnósticos de 1990 até 2019). A constatação é resultado de um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e da Universidade de Zhejiang, na China. O estudo, que analisou dados de 29 tipos de tumores em 204 países e regiões, incluindo o Brasil, foi publicado pela revista científica “BMJ Oncology”.
Foi o que aconteceu com o piloto da Aeronáutica Eduardo Augusto Montenegro Duque, que, há três anos, recebeu o diagnóstico de câncer no testículo, quando tinha 36 anos. Um ano depois de uma cirurgia bem-sucedida, durante o monitoramento, os médicos identificaram uma lesão no linfonodo retroperitoneal. “Dessa segunda vez eu senti mais. Eu e minha esposa, Ana Carolina, esperávamos o nosso primeiro filho e eu estava pronto para cumprir uma missão no exterior. Tive que cancelar tudo e começar a quimioterapia imediatamente”, lembra.
Ao todo foram 4 ciclos de quimioterapia. Após dez dias da última aplicação, Samuel nasceu, trazendo uma dose extra de motivação para o pai. “Foi uma emoção muito forte. Passei a enxergar a vida de uma maneira diferente. O câncer me ensinou várias lições, como valorizar as coisas simples da vida, filtrar bastante as situações que merecem a minha preocupação de verdade, cuidar da minha saúde, com check-up periódico, e pedir ajuda. Só consegui enfrentar essa situação de cabeça erguida porque tive o apoio de muita gente, principalmente da minha família, dos meus amigos e da equipe multiprofissional que conduziu o meu caso”, destaca.
A professora de educação infantil Renata Aparecida de Andrade Pacola, de 44 anos, também faz parte dessa estatística. Em 2021, ela percebeu algo diferente ao realizar o autoexame na mama e, com histórico familiar da doença, logo buscou a orientação de uma mastologista. “Com o resultado positivo na biópsia, meu chão se abriu. Chorei, tive meu dia de luto, porém, estava ao lado de Deus, da minha mãe e do meu esposo, que me deram todo o suporte necessário”, comenta.
O protocolo de tratamento envolveu uma mastectomia radical, esvaziamento axilar, reconstrução da mama, 16 sessões de quimioterapia, 15 sessões de radioterapia e o uso do medicamento tamoxifeno por 7 anos. “Durante todo o período, recebi um atendimento diferenciado, de profissionais humanos, competentes e comprometidos com a vida. A rede de apoio da família e dos profissionais da saúde foi essencial para o resultado positivo do meu tratamento”, completa.
Alerta e Cuidados
Vários elementos podem justificar o aumento de casos nessa faixa etária, uma vez que o câncer pode ser causado, não só por condições genéticas, mas, também, por fatores externos.
“Os índices de obesidade e sedentarismo nas populações, por exemplo, que são relacionados ao estilo de vida, predispõe as pessoas a doenças neoplásicas. Vale destacar que muitos tipos de câncer têm chance de cura atualmente, e o principal fator de sucesso para o tratamento é o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato. Por isso, é vital seguirmos com ações educativas, alertando sobre a prevenção, os fatores de risco e o cuidado com a saúde, sempre sob a orientação de um especialista”, esclarece Dr. Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto.
Medidas básicas de prevenção
Adotar hábitos de vida saudáveis, como alimentação balanceada (diminuindo consumo de alimentos ultraprocessados), prática de exercícios físicos regularmente, eliminar o tabagismo e evitar o consumo de bebidas alcoólicas em excesso, além de manter as consultas e os exames de rotina em dia, continua sendo o melhor caminho rumo à prevenção.