O sonho de ter um filho pode apresentar obstáculos inesperados, fazendo necessária a busca por ajuda de profissionais especializados em reprodução humana. Alimentação, consumo de bebidas alcoólicas e cafeína, tabagismo, e atividade física são fatores conhecidos por influenciar diretamente na fertilidade de homens e mulheres. Além desses, estudos comprovam que o peso também afeta a capacidade reprodutiva de homens e mulheres.
O Índice de Massa Corporal (IMC), é comumente utilizado por médicos para avaliar e classificar quem está acima ou abaixo do peso indicado. Um IMC entre 18 e 24,9 é considerado ideal, enquanto que acima de 25 é sobrepeso e além de 30 já é obesidade. O peso é um fator que interfere na saúde como um todo, tanto da mulher como do homem, e por isso é de extrema importância cuidar. Matheus Roque, especialista em reprodução humana da Clínica Mater Prime, em São Paulo, reforça como esse é um fator crucial para aumentar as chances de gravidez natural e de resultado positivo nos tratamentos de fertilidade.
“A obesidade é uma doença cada vez mais frequente no mundo desenvolvido, e ela pode trazer repercussões negativas em todo nosso corpo. Isso não é diferente quando falamos da fertilidade. A obesidade tanto na mulher quanto no homem, está associada a maior tempo para se conseguir uma gravidez natural, possibilidade de diminuição de resultados nos tratamentos de reprodução assistida e maiores riscos de complicações obstétricas no caso de gestação“, explica Roque, que também é membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
Nas mulheres, o hormônio sexual produzido pelos ovários (estrogênio), pode ter a metabolização alterada pelo excesso de gordura e causar irregularidade nos ciclos menstruais. Outra consequência da obesidade para elas é provocar alterações na qualidade dos óvulos e ausência de ovulação, dificultando a concepção natural. De acordo com o especialista, pode ocorrer também alterações na receptividade endometrial e até aumentar o risco de aborto.
Já nos homens, o excesso de peso gera níveis menores de testosterona, ocasionando a redução da libido, disfunção erétil e alterações na espermatogênese. O sêmen de homens obesos apresenta um número menor de espermatozóides, além de baixa motilidade (a capacidade do esperma de se mover) e alteração no formato, além de material genético danificado. O excesso de estrógeno no corpo masculino age na hipófise e no hipotálamo, inibindo a liberação de hormônios envolvidos na produção dos espermatozoides.
Além disso, o sedentarismo e o acúmulo de gordura abdominal podem elevar a temperatura dos testículos, prejudicando a quantidade e a qualidade dos espermas. Para as mulheres com excesso de peso, o emagrecimento até um nível de IMC considerado ideal pelo médico é muito importante para aumentar a segurança da gestação, tanto da mãe como do bebê. O especialista em reprodução humana será capaz de identificar a causa da infertilidade e indicar as opções disponíveis para ajudar na concepção do filho.
Sobre o Dr. Matheus Roque: O especialista é membro da ESHRE, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e também da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Recentemente, ele foi reconhecido pela Fertility and Sterility por sua contribuição para a qualidade da revista. Durante 2014 e 2015, um de seus artigos apareceu nos cinco principais artigos mais citados publicados em Fertility and Sterility. Roque foi premiado com o GFI – Grant for Fertility Innovation, pelo projeto intitulado Algoritmo farmacogenético para estimulação ovárica controlada individualizada (iCOS).
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